quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Opinião- Jornal Valeparaibano 26/08/2008


(Publicado no jornal Valeparaibano, 26 de agosto de 2008)

Texto: O desafio da Cultura.

O texto na íntegra está abaixo (postagens anteriores)


Agradeço aos colegas que leram e enviaram e-mail, ligaram, comentaram. É na discussão que meu aprendizado vem se fortalecendo. Algumas vezes concordamos, outras não. Mas conversamos, não impossibilitamos o debate das idéias, este é o cerne da democracia.

Paz e bem!

Sônia Gabriel

Programa Realidade - Entrevista


Caros amigos, o programa que participei na segunda-feira vai ser reprisado hoje.

Nesta quarta-feira, 27/8, no programa Realidade você acompanha a entrevista da pesquisadora e professora de História e Sociologia, Sônia Gabriel, conversando a respeito de histórias do Vale do Paraíba, material que resultou na obra Mistérios do Vale. Para fazer sugestões, comentários e participar do sorteio do livro "Mistérios do Vale" escreva para realidade@redemundial.com.br ou ligue para (12) 3941-8803. Assista ao programa pelo canal 11 VHF, 18 da NET ou pela internet, às 12h e no horário alternativo, à meia-noite.
Paz e bem!
Sônia Gabriel

domingo, 24 de agosto de 2008

O Desafio da Cultura


O desafio da Cultura

Acabei de ler a matéria “Cidadão exige mais espaço e mais lazer”, jornal Valeparaibamo, 24 de agosto de 2008, escrita pelo jornalista Francisco Pereira, dentro da série Agenda 2012.
(Leia a matéria no www.valeparaibano.com.br)

Quando conversei com o jornalista e ele me perguntou quais seriam os desafios da administração municipal para a cultura nos próximos anos, fui enfática em dizer que o grande problema é a comunicação. Não há como negar os investimentos que vem sendo realizados na cultura. Não tive há algumas décadas, quando adolescente, a possibilidade de participação e aprendizado na área cultural, nesta cidade, que vejo atualmente. Há espaços, bibliotecas, museus, arquivo histórico, diversos pontos na cidade onde estão à disposição, segundo informações do próprio jornal, 380 oficinas em 42 modalidades.

Mas a grande questão é a comunicação. Não são raros colegas professores e membros da comunidade reclamarem que não ficam sabendo de tal evento. O que acontece? Já tive este diálogo com profissionais de diversos setores da Fundação Cultural Cassiano Ricardo e a resposta é sempre em tom de inquietação já que a FCCR divulga seus eventos e oficinas em jornal regional, no site oficial da instituição e no Jornal do Consumidor que pode ser encontrado em qualquer feira na cidade, além de manter vários informativos.

Participo de eventos de altíssima qualidade, e incentivo a participação de meus alunos. Mas é óbvio que, aprimorar em busca da qualidade deve ser sempre a meta de qualquer gestão comprometida. Valorizar a diversidade das manifestações culturais, principalmente. Tornar acessível a participação popular faz parte deste contexto e colocar-se à disposição para conhecer estes trabalhos deve fazer parte do contexto de nossos intelectuais.
Não obstante, já fui a palestras de renomados especialistas, nas mais diferentes e importantes áreas do conhecimento, que não contavam com mais que quinze interessados em seus auditórios.
O caminho está aberto. É preciso ampliá-lo, diversificá-lo e aprimorá-lo, sem elitizá-lo.
Desconsiderar os trabalhos desenvolvidos na cidade, onde as manifestações culturais populares são o cerne, jamais. Cabe a sociedade e principalmente aos professores, conhecer estas atividades, divulgá-las e incentivá-las, inferir no processo contínuo de resgate, preservação e valorização.

Não é admissível educadores não conhecerem as atividades que acontecem na cidade, e elas acontecem, há uma constância, são de qualidade e desconhecê-las, até mesmo para estabelecer a crítica (que deve ser sempre bem vinda) pode caracterizar uma profunda falta de comprometimento para com a profissão que exercem. Não há Educação de qualidade sem Cultura. É totalmente improvável.

Procure conhecer, participar, analisar, oferecer sugestões e exigir diversidade dentro do direito que todo cidadão consciente e ativo tem de ter acesso à Educação e Cultura de qualidade.

Professora Sônia Gabriel
Membro do Instituto de Estudos Valeparaibanos

Nas Trilhas do Zé Mira...


Faleceu Zé Mira, partiu um sonhador com os pés no chão.

Curiosamente, há muito tempo tenho vontade de ler o livro Nas trilhas do Zé Mira, de Lídia Bernardes. Semana passada, Flávia Diamante me avisa que está no Circular Clandestino do Museu do Folclore, um exemplar. Fiquei desesperada com a falta de tempo para ir buscá-lo. Felizmente era para ser meu.

Não tive a honra de conversar com Zé Mira pessoalmente. Por uma série de circunstâncias, que não compreendo, meu aprendizado não passou por sua presença física, mas li muito, ouvi muito sobre Zé Mira.

Está aqui, ao meu lado, o livro; lerei com um "quê falhei em não apressar-me". Mas com certeza terei horas alegres de leitura e principalmente, alimento para minha certeza, que se constrói, de que a cultura não é para poucos, e não pode ser cuidada por poucos, o saber está para além dos diplomas, sabatinas e pretensões de explicar os outros, o conhecimento passa principalmente por tentarmos aprender passando pelos outros e seus deslumbramentos e desmembramentos.

Zé Mira está o que sempre foi: ENCANTADO.

Paz e bem

Sônia Gabriel

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Crônica: Gente...


Gente...

Foto minha: Teto Sala das Promessas, Basílica de Nossa Senhora Aparecida - SP, 2008.


Certo artista escreveu que anda cansado, me pareceu necessitar de um pouco de ostracismo.
Gente demais sufoca. É muita energia, nem sempre boa, muita carga emotiva e de quando em quando é impossível desligar-se e conviver na justa medida. Nestes momentos, a solidão pode ser singular companheira.
Sempre estive cercada de gente, escolhi trabalhar e criar envolvida por tal matéria-prima. Assim sendo, tenho que estar preparada para tudo.
Nem sempre consigo explicar-lhes ou me explicar atitudes que transcendem o bom caráter.
E a gente fica pensando e até externa baixinho: “Como é que pode?”
Tenho visto de tudo: o veneno que escorre pelos olhos esguios de quem não suporta a paz e a felicidade que invadem os outros, o cochichar característico de quem quer ferir seu semelhante porque se incomoda sabe-se lá com o quê. E só quem se dispõe a estas cenas pode justificar a escolha do papel.

Tenho cá minhas hipóteses: o individualismo da sociedade moderna. Todo mundo trabalha muito, a necessidade de consumismo, de TER cada vez mais, tem deixado pouco tempo para SER um pouco mais. Falta tempo com a família, faltam afeto e cuidados. Falta a abundância da vida. E como ainda não é possível comprar tudo, tem muita gente com um vazio que dinheiro, carreira e status não preenchem.

Quando a gente escreve, desenvolve um bendito de um ouvido e de uma visão que chegam a nos ferir, já que nem tudo se permite filtrar e digerir.
Haja tempo para fofocas, maledicências, arrogâncias, intolerâncias, abusos de poder (que acham que têm) e tantos outros males que nos assolam diariamente.

Sábia era dona Firmina: “É tudo casca, bem. Gente sozinha, falta sentimento.”
Deve ser.
Não tenho dúvidas: a vida é um parto.

A tentação de nos isolarmos é sedutora, mas como nos humanizarmos sem a presença de outrem?
As pessoas são imprescindíveis, não nos humanizamos sem elas. São e estão para nosso bem e nosso mal, fazem parte de nosso crescimento.
A cada dia, vejo incontáveis motivos para desistir da convivência e quando estou quase desanimando do ser humano e por tabela de mim (a não ser que achemos que estamos acima da raça), vem um fato, uma verdade, uma pessoa e às vezes uma pessoinha e renasce aquele enorme e incondicional amor que temos por nós mesmos e pelos outros também.
Há gente de tudo quanto é forma, jeito, cheiro, aparência; não há como não conviver, mas é preciso muita prudência para não adoecer a alma.
Cada qual constrói o escudo que melhor se ajuda às suas necessidades: uns gritam, outros ferem, há ainda aqueles que transferem suas dores para o sagrado ar de todos. Também tenho meu escudo, escolhi o sorriso. Não é pior e nem melhor que as escolhas de meus semelhantes.
Se fosse me prender nas feridas teria desistido de sorrir há anos, resolvi que as feridas é que não me impediriam, não permiti e não permito.
Eu só tenho esta vida; tenho obrigação de me fazer feliz.
Gente! Bom, nós também somos... E por mais que abale nossa vaidade (e sempre dói) somos gente igual a toda gente e só...
Cada qual com seus mistérios, suas dores, suas vitórias e alegrias, mas no fim somos gente, de alma gritante, coração pulsante, mas gente sempre...

Sônia Gabriel