domingo, 20 de agosto de 2017

A Procissão dos Mortos


Obrigada, Wagner! 


"Texto da obra Mistérios do Vale: Histórias que o povo conta no Vale do Paraíba, Serra da Mantiqueira e Litoral do Norte Paulista.
Narração: Wagner Fernandes Fonseca."




segunda-feira, 19 de junho de 2017

I Seminário de Estudos e Pesquisa: Família de Professores



I Seminário de Estudos e Pesquisa: Família de Professores



Seminário
Data: 20/06/2017 - 14:00 a 17:30


Período de inscrições:
27/04/2017 - 08:00 a 19/06/2017 - 23:00
Local:Congregação (Prédio Principal, Térreo, Bloco E)

Responsáveis:
Profa. Dra. Maria do Carmo Martins (MEMÓRIA/FE-Unicamp)
Realização:
Grupo de Pesquisa Memória, História e Educação (MEMÓRIA/FE-Unicamp)
Apoio:
Linha de Pesquisa Educação e História Cultural (FE-Unicamp), Centro de Memória da Educação da Unicamp
Apresentação

O I Seminário “Família de Professores: acervos, biografias e articulação política” foi organizado como parte das atividades acadêmicas do Grupo de Pesquisa Memória, História e Educação, com apoio da linha de Pesquisa Educação e História Cultural e do Centro de Memória da Educação da Unicamp.

Nele, propomos o diálogo com as pesquisas em desenvolvimento no Grupo Memória, História e Educação, cujas temáticas abarcam três educadores da família Mello e Souza, os irmãos Júlio Cesar (Malba Tahan), João Baptista (J. Meluza) e José Carlos, problematizando suas concepções de educação, expressas em suas obras acadêmicas e literárias, suas participações em processos de formação de professores e suas atuações em cargos de assessoria a políticas de Estado.

Deste modo, não apenas colocamos em circulação e buscamos articulação entre as diferentes pesquisas em andamento, como ampliamos os debates teóricos e metodológicos sobre sujeitos, percebendo-os em sua historicidade e interpretando suas ações na perspectiva das práticas sociais, com uma abordagem sensível às suas redes de relações.
Programação

14h - Abertura
Prof. Dra. Maria do Carmo Martins - Coordenadora do Grupo Memória, história e Educação
Prof. Dr. André Luiz Paulilo – Coordenador da Linha de Pesquisa Educação e História Cultural;
Prof.Dr. Alexandro Henrique Paixão – Coordenação do Centro de Memória da Educação

14:20h Apresentação de Pesquisas e Debates
Coordenação Prof. Dr. Arnaldo Pinto Junior

“Redes de contato em acervos pessoais: o caso do arquivo de Júlio César de Mello e Souza”
Claudiana dos Reis de Souza Moraes

“As representações da docência na obra de Julio César de Mello e Souza”
Leandro Piazzon

"João Baptista de Mello e Souza: memórias de um professor de História"
Sônia Maria da Silva Gabriel

“J. B. Mello e Souza: Ensino de História e a Reforma Curricular de 1952"
Prof. Dr. Halferd Carlos Ribeiro Junior

17h - “José Carlos de Mello e Souza: uma biografia eloquente”
Profa. Dra. Maria do Carmo Martins


Da página: 





terça-feira, 9 de maio de 2017

Sarau: J. B. de Mello e Souza - o cronista do rio Paraíba do Sul



Caros amigos, segue o convite para o sarau organizado por Mirian Cris, FCCR, em que serão distribuídos os exemplares de "Rubaiyát - poemas de Omar Kaayyãm", tradução de J. B. de Mello e Souza. O escritor vale-paraibano nasceu em 1888 e foi um cronista do rio Paraíba do Sul, o rio que ele tanto amou a ponto de lhe dedicar suas obras. Venham, vamos apreciar as obras de J.B. e os poemas de Omar Kaayyâm traduzidos por ele. Serão distribuídos 40 exemplares aos que se interessarem pela obra. O livro teve tiragem limitada, edição póstuma e não há no mercado. Sendo assim, um lindo presente que Carolina Frick nos deixou. Conto mais lá, está bem?


Dia 13 de maio de 2017.
15h.
Sala Reginaldo Poeta Gomes.
Parque Vicentina Aranha - São José dos Campos.



Coluna Crônica Jornal de Caçapava: Com o suor do teu rosto...



(Jornal de Caçapava, 05 de maio de 2017.)

Qual a sua relação com o ofício que você exerce? Já pensou nisso? Eu tenho pensado muito sobre, de alguns anos para cá, por conta de um livro que venho escrevendo. Desde a faculdade, ainda muito jovem, passei por inúmeros autores que se dedicaram ao estudo do mundo do trabalho. Os revisito, quando possível. Obras existem aos montes, mas como é de conhecimento obras de pesquisa muito raramente chegam às nossas estantes operárias. Ficam, na maioria, restritas aos recôncavos da academia. Enfim, não é para este momento essa prosa.
Eu trabalho desde os treze anos, está registrado na carteira profissional, rosto de criança carimbado Malharia Nossa Senhora da Conceição, cidade de Jacareí-SP, nove horas diárias dentro da fábrica dobrando meias. Era preciso. Desenvolvi uma escoliose que levou anos para ser eliminada, pois, cansada, tinha que me apoiar de lado para manter-me em pé; trabalhávamos em pé o dia todo. Era preciso trabalhar. Em nossa família nunca houve outra opção para nossa sobrevivência senão o trabalho. Educação forte que meus pais legaram.
O interessante é que apesar do desgaste, eu não me recordo de sofrer, pois, como mencionei, em nossa casa o trabalho era muito valorizado. É óbvio que meus pais não sonhavam que eu trabalhasse com essa idade, tanto que continuei estudando e quando, alguns anos depois, a "fábrica" queria que trabalhássemos em turnos e isso me impediria de estudar, minha mãe me explicou que era preciso sair daquela empresa. Com o passar dos anos e sempre trabalhando, formei-me e pude exercer o ofício que sonhei.
Trabalhar no que se gosta é um privilégio, mas há pessoas que mesmo não atuando na profissão desejada tem com o trabalho, com a ação de trabalhar, uma relação de apreço que me comove. Tem gente que não sabe não trabalhar, sente-se importante construindo, realizando, vislumbrando... O trabalho é, sim, uma dignidade a mais em nossas histórias individuais para além da necessidade coletiva. Note que não estou tendo a pretensão de numa crônica fazer uma reflexão profunda sobre as questões do mundo do trabalho; apenas, hoje, estou pensando em mim e nas pessoas que compartilham desse prazer que é ser sujeito.
É pesaroso ver tanta gente em busca de trabalho ano após ano, ter sua capacidade de trabalhador ser explorada e desrespeitada por precisar sobreviver; termos nossos direitos de trabalhadores serem usurpados na mais descarada leviandade.
Também não me escapa como tantas pessoas são infelizes em suas profissões, recortes que nos levam a considerar que o trabalho, em sua multiplicidade histórica e filosófica, pode ser um castigo, pode ser fonte de sobrevivência, pode ser uma realização, pode ser um prazer.
Dialogando com o cotidiano atrevo-me a pensar que pode ser o que você é, o que você sente e o que você pensa. Carregamos para o que fazemos o que somos e isso explica como em trabalhos iguais pessoas semelhantes se portam de maneiras tão diferentes. Há pessoas desgastadas e grosseiras em altos cargos como há pessoas gentis e alegres nos mais humildes ofícios. Dadas as mais inusitadas circunstâncias pelas quais passamos, como fazemos o que fazemos em muito reflete o que somos.

Sônia Gabriel


terça-feira, 2 de maio de 2017

Coluna Crônica Jornal de Caçapava: Vamos tomar um café?




(Jornal de Caçapava, 07 de abril de 2017.)


Alguns povos da Antiguidade, em especial os judeus que nos são contemporâneos, honram seus hóspedes como a pessoa mais importante da casa, durante sua estadia. Toda atenção, gentileza e cortesia são oferecidas, pela família, para com aqueles que são visitas.

Nesse momento de deificação do individualismo, é muito comum eu escutar em conversas, nos diferentes ambientes que frequento e trabalho, o desgosto de muitas pessoas em receber visitas. Logo se imagina que sejam visitas indesejáveis, que infelizmente existem. Mas a lista é recheada de pais, mães, irmãos, cunhados, primos e amigos. O que me leva a considerar que a questão, em muitos casos, é não gostar de receber. A princípio parece ser uma contradição ao espírito do brasileiro. Uma contradição também se compararmos ao crescente mercado de venda de produtos e materiais para ambientes de jardim e churrasqueira (os agora espaços gourmet); espaços que só fazem sentido se compartilhados.

Quem consegue pensar num jardim para uma pessoa, fazer churrasco só para si, assar pizza para uma linda noite sem amigos ou parentes? Eu não consigo. Gosto de companhia nesses momentos, gosto de visitas, gosto de arrumar a casa para receber. É verdade que nem sempre podemos receber como desejamos, dado compromissos de trabalho e com a família, mas sempre haverá um feriado prolongado, um domingo de manhã, uma tarde de sábado, um tempinho para um café, um aceno (mesmo que do carro), uma mensagem (que está na moda agora), um sorriso para todos.

Uma vida sem família e amigos não me parece ser propósito para a mesma. A falta do outro é triste. Solidão só é boa quando você a quer por um dia ou alguns minutos. Nos defeitos e qualidades daqueles com os quais convivemos, nos lapidamos e corrigimos. Um abraço, uma ajuda, um ombro são préstimos de valor incalculável.

Uma casa de portas fechadas é triste; uma casa que não acolhe, que não é espaço que desperte o prazer de receber visitas não é lar. Lar, por essência, acolhe, aconchega, agrega. O outro nos humaniza. Marque uma visita para alguém que faz tempo que não vê. Chame alguém para almoçar, jantar, abra as portas da casa e do coração, passe por essas portas e janelas reais. Abrace. Leve pão, bolo, pudim ou nada, mas leve principalmente você.

Quanto menos convivemos, mais consumimos; quanto mais as famílias diminuem, mais elas consomem. Já pensaram nisso? Menos espaço para o consumismo, para a violência e para a tristeza que contamina.

Vamos tomar um café?

Sônia Gabriel



segunda-feira, 10 de abril de 2017

Crônica: As lições de Raíra


Quando Raíra foi minha aluna tinha quinze anos e estudava numa escola pública da Zona Norte de São José dos Campos – SP. Fazia preparatório para pleitear vagas em escolas que queria estudar, assim como muitos jovens da região. Mesmo se dedicando tanto ao estudo e alcançando notas de acordo com seu empenho, Raíra não se encaixava no dito estereótipo CDF. Quando eu era estudante do Ensino Fundamental, alunos como ela, eram os chamados “chatos da sala”, sempre com ar de que estavam entediados em conviver com aqueles que consideravam menos inteligentes. Quantas memórias hilárias tenho disso! Raíra contraria, desconstrói o pretenso padrão pedante.
Como toda adolescente saudável, tem expectativas e alegria de viver, apesar das angústias próprias da idade.  É uma menina belíssima, dona de longos cabelos negros.  Foi muito bem-educada por sua família. É organizada, caprichosa, delicada, inteligente, comprometida. Possui uma fala mansa e simpática.
Era amiga de todos na minha sala de aula. Isso me inspirou essas linhas numa manhã em que a observava em ação mediando um conflito, mínimo e engraçado, de questões amistosas entre dois colegas. Raíra conseguia algo incrível na vida escolar: ser unânime. Algo que estudantes, professores e gestores raramente alcançam, aliás, algo que pouquíssimos seres humanos conseguiram ou conseguirão. É um dom dela ser amável.
A turma em que ela estudava a respeitava de forma encantadora. Raíra jamais alterava a voz, mesmo quando, ajudando seus professores, lhes pedia silêncio ou atenção. Sim, era uma turma difícil, com muitas questões; eu mesma, muitas vezes, recorri ao talento natural (para agregar amigos) da mocinha para me aproximar dos alunos em questão. Ela arrasa no quesito humanidade.
De vez em quando, eu me pegava rindo, balançando a cabeça, me rendendo ao fato de que havia momentos em que a atuação da mocinha de estatura mediana, olhos castanhos e com sorrisinho discreto conseguia, o que eu não, com tanta delicadeza.
Já não estudo com ela, pois neste caso, em alguns momentos eu fui aluna dela. Ela está galgando mais um degrau para seu sucesso inevitável, carregando as características já descritas. Será sempre o orgulho dos seus pais, a alegria dos seus amigos e uma adorável recordação para esta professora aprendiz de escriba. Recordação da bela menina que sempre que terminava suas lições e não estava ajudando alguém, abria algum livro que trazia na mochila e me sorria carinhosamente.
Paz e bem, Raíra!


Sônia Gabriel


terça-feira, 28 de março de 2017

Da página da Vanderléia Barboza...





"Vanderléia Barboza atualizou a foto da capa dela.
21 de março às 20:26 ·
Foto da Casa de Eugênia Sereno trabalhada a partir do registros de Sônia Gabriel e Rita Elisa Seda quando estiveram em São Bento do Sapucaí para realização de pesquisa sobre a Escritora. Gratidão sempre!"

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Coluna Crônica Jornal de Caçapava: Perguntara-me.



(Jornal de Caçapava, 20 de janeiro de 2017.)



A professora Dona Cíntia, da antiga quarta série bem feita, ensinou-me que usando a expressão ‘perguntaram-me’ eu estaria indeterminando o perguntador. Que assim seja, pois apesar de em nada ser da minha conta a ação contida, uma pergunta me foi feita e pensando sobre ela, mesmo não a tendo respondido, pois não tenho competência para tanto, encasquetada em minhas considerações ficou.
Uma amiga querida, preocupada com outrem, contou que outrem estava em saia justa com quarto elemento de tanta consideração (por Deus!) por ter concretizado atitude que poderia culminar em prejuízo para... Mas nada proposital, ação realizada pós conversa-quase-permissão. Porém, ficou aquela sensação, pelo jeito do desenrolar todo,  que poderia não ter sido bem assim, ao menos pareceu-me, pois tem muita gente preocupada com o que pensou um ou outro, enfim.
Que mundo é esse onde o outro é tão pouco perante nossa pretensa importância, não é mesmo? Estamos a cada dia, desesperados em estar mais que o outro. Note que ninguém, aqui, está tendo a pretensão de dizer ser, pois ser entraria em outra categoria de seres humanos da qual temos nos afastado muito. Quase não encontramos mais médicos, professores, padres, motoristas, advogados, cozinheiros, jornalistas; encontramos pessoas que “estão” médicos, professores, padres, motoristas, advogados, cozinheiros, jornalistas... Ser subentende valores, ao menos para esta pobre criatura com pretensão de pensar. Valores? Andamos com muito medo dessa palavra. Reflexo da tal flexibilidade.
Como falar em valores se a flexibilidade capitalista nos exige um politicamente correto? Também não sei, tanto palavrório para que eu possa tentar entender o que meu coração não consegue e, por fim, voltar à máxima que minha mãe, sem diploma universitário, conseguiu impregnar em mim: “Pense se fosse você no lugar do outro... o que sentir é a resposta”.
Fato é que, na maioria das vezes, reconhece-se as respostas e com o ínfimo de dignidade que resta, precisa-se da aprovação em torno para conseguir diminuir o incômodo de conviver com algumas atitudes. O que é mais forte em nós sempre nos define no todo. Quando isso é bom, que se abram os corações.



Sônia Gabriel