quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Jornal Vale Mais Coluna Olhar do Vale: Milagre de Nossa Senhora dos Pobres

 
(Jornal Vale Mais, 11 de setembro de 2010)


Quando se menciona histórias populares, a maioria das pessoas se lembra de histórias de mistério, assombração, mas há tantas e tão belas histórias de amores encantados que é impossível não contar uma também. Aqui no Vale do Paraíba, na cidade de Lavrinhas, conta-se a seguinte história: entre 1880 e 1887, uma santa esculpida em madeira, a famosa santa do pau oco, aquela que tinha um espaço oco onde se podia guardar desde documentos importantes até contrabandear ouro e era muito comum no Brasil Colônia, apareceu na casa de um colono no bairro da Capela do Jacu. A santa não foi aceita pela Igreja, porque o padre considerou a imagem imperfeita e assim não foi colocada no altar da igreja de Pinheiros, na época, sede do município.


Resolveu-se então erguer uma capela na residência de uma tradicional família local, o Sobradão, e assim a família passou a rezar o terço em louvor da santa.


Pois bem, era costume da época os pais arrumarem os noivos para suas filhas, e foi o que aconteceu com Ana Etelvina. O pai da moça trouxe de Portugal um noivo, porém ela gostava de outro. Mas, mesmo assim, foi tratado o casamento.


Ana Etelvina tinha uma mucama que rezava diariamente por intenção de Nossa Senhora dos Pobres para que fosse desfeito aquele noivado. No dia do enlace, com Ana Etelvina já pronta com a vestimenta de noiva e o noivo esperando no altar com todos os convidados, o pai da noiva entrou no quarto para conduzi-la à igreja e admirou-se com a beleza da filha. A moça então lhe confidenciou que preferia estar morta a realizar aquele casamento. O pai, numa atitude totalmente inesperada, decidiu cancelar o casamento. Dizem que quando ele avisou para todos na igreja a sua decisão, o noivo com vergonha fugiu de lá.


Após alguns anos, Ana Etelvina veio a se casar com aquele do qual gostava, José Avelino da Silveira. O fato foi atribuído à um milagre de Nossa Senhora dos Pobres. Ouviu-se na época que a santa era a autora de vários milagres na região.


Quando o Sobradão foi desmanchado, a imagem foi doada por Sebastião Novaes para a igreja local, em 1980. Foi então que Sônia Regina Bolos, bisneta de Ana Etelvina, encontrou a imagem da santa jogada nos fundos da igreja, fez um pedido à Cúria solicitando a imagem, mas lhe foi negado. Depois de alguns anos, segundo ela, um padre que por lá passou trocou a imagem com ela por dois sacos de cal e uma brocha. Ela então teria doado a imagem para uma prima, dona de uma escola em São Paulo e a tal prima mandou a imagem para a USP, a fim de ser restaurada. Perdeu o contato com esta parenta e nunca mais soube nada da Nossa Senhora dos Pobres.

Sônia Gabriel

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá Mistérios do Vale(Sonia Gabriel), Sou Vilma Fortes de Bananal,tenho algumas lendas, reportagens, livros e fotos antigas a respeito de Bananal. Se te interessar publica-las.Grande abraço.

Anônimo disse...

Olá Vilma, claro que interessa. Me envie um e-mail ou telefone de contato. Vamos conversar. Abraços
Obrigada
Sônia Gabriel