Saudosismo Ideológico
( Publicado no Jornal Valeparaibano em 17/10/2004)
Mitos e produtos da sociedade, da indústria cultural devem ser considerados como superestrutura para análise de uma dada sociedade. Presenciamos a era da produção em massa, e nesse tempo a ideologia perde aquela sua essência, que era característica de seu significado e funções nos anos progressistas do capital, contra ou a favor, inclusive graças a facilidade com o qual a mídia ligada às massas penetra no inconsciente nosso de cada dia, posto que nos mantemos na condição mais literal de espectadores.A ideologia se petrifica, sua moldura utópica cai, se despedaça. A ideologia tem a sua origem no ser, ela é uma defesa pessoal e totalmente transferível, nos fortalece para compreendermos verdades que são transformadas em universais.
Produzem-se ideologias, mas só tenho visto apologias, que sejam de interesse do primeiro, segundo, terceiro, quarto ou 'quinto' poder, desculpem-me se já existirem outros não tenho conseguido acompanhar o surgimento de tantos poderes, todos querem ter poder. É mais um produto, que seja em Brasília ou sobre o controle remoto é imperativo a autoridade do poder e é antagonicamente o reflexo da falta de poder.Não há mais ideologias como as que vivenciamos, tudo se transforma, estamos em busca de quê? Quando finalmente chegaremos ao poder? Há espaço, lugar no globalizado mundo dominado por um novo imperialismo com as mesmas ambições de sempre só utilizando receitas novas? O que mais assistiremos se tornar produto? A vibração continuará se manifestando nas apologias a tudo que apenas entorpece e não permite a observância dos fatos?
Podem me acusar de saudosismo, e tenho, não das tormentas é óbvio, tenho saudades das convicções seguras e não apenas de ocasião, tenho saudade da vibração democrática.
Sônia Gabriel é professora em São José dos Campos.
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