quarta-feira, 7 de abril de 2010

Um Vale de Livros: lançamento de Moacyr Pinto

Caros amigos, lançamento de talento da nossa cidade. Vale conhecer este e outros trabalhos do autor (já citados em postagens anteriores neste blog). Seguem convite e texto enviados para divulgação do evento. Confiram...


"Sinopse do livro: HIENA - MINHA REVOLTA NÃO SE VENDE
Autor: Moacyr Pinto
Hiena - minha revolta não se vende, conta a história de Ediberto Bernardo dos Santos, um negro pobre que saiu de Ilhéus, na Bahia, com 19 anos para ser operário em São Paulo, como tantos outros jovens nordestinos já tinham feito antes na sua idade. Depois de uma rápida experiência como metalúrgico no ABC paulista, justamente no ano de 1979, bem no auge das lutas sindicais lideradas por Lula, fixou residência em Jacareí, na Região do Vale do Paraíba. Lá, com apenas 20 anos de idade, passou a viver com Luisa - branca, 10 anos mais velha, viúva, doente e mãe de cinco filhos - numa casa sem luz nem água encanada.
Guerreiro em todos os sentidos, os primeiros 4 anos de Ediberto em Jacareí foram de luta para erguer a vida da família, até a chegada do movimento sindical combativo na região, em 1984, quando era operário da General Motors, em São José dos Campos, onde havia ganho o apelido de Hiena, pelo fato de passar as noites de trabalho na produção conversando e rindo. Uma greve de ocupação da fábrica por uma semana, da qual somente tomou conhecimento na primeira noite da mesma, quando chegou para trabalhar, marcou o início de uma carreira de lutas e envolvimentos políticos e sociais que nunca mais parou.
Entre 1985 e o primeiro semestre de 1991, a folha corrida de Hiena na polícia e na Justiça de Jacareí, sai praticamente do zero para alcançar números impressionantes. Em contrapartida, o seu prestígio junto aos operários, sem teto, sem terra, usuários de transportes públicos e, porque não dizer, também junto aos malucos e todas as demais modalidades de contestadores e negadores do status quo vigente naquela conservadora cidade, nunca parou de crescer. Sempre muito magro, um metro e oitenta e três de altura, cabelo à moda black, amante da festa, Hiena conseguia manter plantões de enfrentamentos com a polícia manhã, tarde e noite, ao mesmo tempo em que organizava e presidia os movimentos dos usuários de transportes ou dos sem teto, tendo liderado a criação de dois bairros no município, além de ser dirigente do PT e da CUT. Seu principal instrumento de trabalho era o carro de som do sindicato dos metalúrgicos da região.
A perda de influência no movimento sindical que lhe dava sustentação, aliada a algumas decepções de natureza políticas sofridas por volta de 1990, o levam ao desespero e, concomitante, a disponibilizar a sua testa para receber o carimbo que a sociedade fazia muito desejava lhe colocar, o de bandido; Ediberto se mete num assalto e vai parar na cadeia. Começa aí um novo capítulo dessa história, agora com o sociólogo Hiena, que sempre fez sociologia de campo com o próprio corpo, experimentando durante 7 anos como é viver nos presídios paulistas nos tempos atuais, tendo ele inclusive anotado as cenas de riso, ainda que de dor ou ironia, que lá observou. Pesquisador de sorte, Hiena já estava dentro do Sistema quando o PCC foi criado e com ele conviveu durante boa quantidade de anos.
Livre da cadeia em 1.998, Ediberto não consegue se livrar do carimbo de ex-presidiário. Depois de tentar por 5 anos continuar vivendo em São Paulo, acaba sendo forçado a viver com a mãe - figura também marcante em sua vida - em Ilhéus, chegando lá bastante abalado mentalmente, no final de 2.003. Decorridos outros 5 anos, é chamado de volta a São Paulo, para tomar ciência da anistia política concedida pelo Ministério da Justiça aos 33 da GM, que foram perseguidos em função de uma greve ocorrida naquela empresa em 1985, da qual ele tinha sido um dos dirigentes. Sentindo-se vitorioso e redimido, além de estar prestes a conquistar com a anistia as condições materiais que tanto o limitaram em seus movimentos por todos esses anos, procurou o autor desta obra para retomar um projeto de ambos que não tinha sido viável em 2003.
Hiena quer falar, ir para o debate, fazer a revisão da sua história, que não é somente dele e, como sempre, de peito aberto, sem receber nenhuma isenção prévia, mas também sem fazer concessões a nada e nem a ninguém. Para que? Para servir de lição para a juventude excluída, com quem quer passar a trabalhar, e para continuar mudando o país. É pouco?

Sobre o autor
Moacyr Pinto da Silva é paulista, tem 60 anos, sociólogo e educador aposentado; vive atualmente em São José dos Campos/SP onde, em 1984, conheceu Hiena quando este era operário na General Motors do Brasil e o autor assessor da diretoria do sindicato dos trabalhadores metalúrgicos local.
De origem rural, fez Senai e foi operário no ABC paulista, tendo feitos os estudos fundamental e médio em regime de madureza. Trabalhou com educação informal (sindical, popular e partidária) e regular, onde lecionou nos ensinos fundamental, médio e superior, tendo ainda ocupado o cargo de Secretário Municipal de Educação na cidade onde reside atualmente, no início dos anos 1990.
Como escritor, além de larga experiência na produção dos mais variados tipos de documentos para os movimentos políticos e sociais nos quais esteve engajado nos últimos 35 anos, Moacyr coordenou o projeto e fez a redação final do livro Ação e Razão dos Trabalhadores da General Motors - A greve contada por quem a fez, publicado em 1985, em duas edições, pelo Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de São José dos Campos e Região; também publicou, de forma independente, em 2007, o livro Conto de Vista - Histórias no Brasil que elegeu Lula, com uma coletânea de contos e crônicas tratando de política, arte e cultura popular no Brasil do seu tempo; mantém ainda inédito o romance Tecendo o amanhã, que apesar de ficcional, trata do universo urbano em que viveu e militou política e socialmente nos últimos 50 anos e vem trabalhando para viabilizar a publicação de uma pequena obra com a sabedoria e os causos do seu Zé Pedro, mestre quilombola da Casa de Farinha de Ubatuba/SP. Toda a sua produção literária mais recente tem um elo e um interesse comum, calcado no desejo de apresentar ao Brasil uma parcela do segmento de cidadãos invisíveis que vem exercendo importante papel histórico no país
Contato com o autor:
moacyrpintos@ig.com.br telefones: (12) 3913-5466 e (12) 9731-1708
Resumo:
Livro: Hiena - Minha revolta não se vende
Editora: Mogiana - São José dos Campos/SP - 2010
172 páginas - R$20,00
Lançamento: dia 10 de abril - sábado - 10:30 horas
Local: Sesc/São José dos Campos - Av. Adhemar de Barros, 999 - J. São Dimas - tel 3904-2000."

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