(Jornal de Caçapava, 28 de maio a 03 de junho de 2010)
Há tempo ando cansada da direita, da esquerda festiva, dos “em cima do muro”, agora descobri que estou ficando cansada da turma dos “Direitos Humanos”. Calma gente! Ainda tenho cura.
Este é só um desabafo como tantos que escuto todos os dias dos indignados.
Nestes últimos dias, o que mais ouvi foi: “Daqui a pouco o pessoal lá dos direitos humanos, vem”. “Ei! Cadê o pessoal dos direitos humanos para proteger os policiais?”. E outro responde: “Calma, quando começar a matar bandido, eles aparecem.”
Alguma coisa parece que está errada, concordam? Ou é só impressão minha!
E os valores em relação à vida? O povo está magoado. Mais do que com medo, reprimido, enraivecido, nós, o povo, estamos decepcionados.
E não precisa mesa redonda com sociólogo, antropólogo, historiador, economista, etc. para explicar isso. Qualquer leigo tem competência para fazê-lo.
Ao povo, as histórias ruins.
De onde sai tanto médico incompetente, tanto professor negligente, tanto policial inconsequente, tanto político corrupto, tantos... E tantos? Do povo. Povo não é categoria menor. Somos todos nós.
Esta é a única resposta que sei dentre tantas que me solicitam, neste tema.
Acusam-nos de não confiar na polícia. Mas como? Somos bombardeados, quase diariamente, com notícias de suborno, corrupção, facilitação para marginais. O salário é pouco? Diga-me de quem não é! Precisa melhorar? Claro que sim, e nós o povo, somos os primeiros a apoiá-los nisso. Temos a esperança de uma polícia decentemente remunerada e preparada.
Quantos pais de família morrem todos os dias, e tantas vezes sob a omissão da lei? Quantos de nós não dormimos mais depois que nossos filhos, maridos e esposas saem, de madrugada, para trabalhar? E nem sempre num colchão caro e de qualidade.
E se a violência acontece Deus nos livre precisar de atendimento médico público? Mulheres não podem dar a luz com decência?
O que magoa o povo é essa relação filho pródigo meio surreal. Eles transgrediram, roubaram, mataram e sequestraram, mas não passam seus dias com apenas uma refeição, muitas vezes sem um colchão, sem médico, assistente social, psicóloga e uma legião de defensores dos direitos humanos.
Quem está do outro lado dificilmente vai conseguir entender esse processo. Ou será que alguém de qualquer lado que seja consegue fazê-lo?
A educação de qualidade, questionadora e cheia de subsídios para nos fazer entender a importância dos órgãos na sociedade não alcança a todos e assim fica difícil, estando fragilizado pelas decadentes condições sociais, interpretar o que vivemos e assistimos todos os dias.
A primeira impressão sempre nos inundará de tais questionamentos. Os excluídos, apesar da maquiagem, existem; desapropriados de estarem e serem sociedade com todos os seus deveres cumpridos e direitos garantidos perdem até a voz. E queimam tudo o que em fumaça nos invade as narinas, mas parece não alcançar a consciência.
Durma-se com o barulho dos últimos tempos. Tem gente que consegue. Para aqueles que não, vamos pensar: não está mais do que na hora de dizer ao “filho que ficou” que tudo que ali está também a ele pertence e que pode fazer uso, que se sinta verdadeiramente parte da casa e assim, quando o pródigo filho retornar, todos os braços se abrirão e o acolherão com verdade, respeito e decência?
Há tempo ando cansada da direita, da esquerda festiva, dos “em cima do muro”, agora descobri que estou ficando cansada da turma dos “Direitos Humanos”. Calma gente! Ainda tenho cura.
Este é só um desabafo como tantos que escuto todos os dias dos indignados.
Nestes últimos dias, o que mais ouvi foi: “Daqui a pouco o pessoal lá dos direitos humanos, vem”. “Ei! Cadê o pessoal dos direitos humanos para proteger os policiais?”. E outro responde: “Calma, quando começar a matar bandido, eles aparecem.”
Alguma coisa parece que está errada, concordam? Ou é só impressão minha!
E os valores em relação à vida? O povo está magoado. Mais do que com medo, reprimido, enraivecido, nós, o povo, estamos decepcionados.
E não precisa mesa redonda com sociólogo, antropólogo, historiador, economista, etc. para explicar isso. Qualquer leigo tem competência para fazê-lo.
Ao povo, as histórias ruins.
De onde sai tanto médico incompetente, tanto professor negligente, tanto policial inconsequente, tanto político corrupto, tantos... E tantos? Do povo. Povo não é categoria menor. Somos todos nós.
Esta é a única resposta que sei dentre tantas que me solicitam, neste tema.
Acusam-nos de não confiar na polícia. Mas como? Somos bombardeados, quase diariamente, com notícias de suborno, corrupção, facilitação para marginais. O salário é pouco? Diga-me de quem não é! Precisa melhorar? Claro que sim, e nós o povo, somos os primeiros a apoiá-los nisso. Temos a esperança de uma polícia decentemente remunerada e preparada.
Quantos pais de família morrem todos os dias, e tantas vezes sob a omissão da lei? Quantos de nós não dormimos mais depois que nossos filhos, maridos e esposas saem, de madrugada, para trabalhar? E nem sempre num colchão caro e de qualidade.
E se a violência acontece Deus nos livre precisar de atendimento médico público? Mulheres não podem dar a luz com decência?
O que magoa o povo é essa relação filho pródigo meio surreal. Eles transgrediram, roubaram, mataram e sequestraram, mas não passam seus dias com apenas uma refeição, muitas vezes sem um colchão, sem médico, assistente social, psicóloga e uma legião de defensores dos direitos humanos.
Quem está do outro lado dificilmente vai conseguir entender esse processo. Ou será que alguém de qualquer lado que seja consegue fazê-lo?
A educação de qualidade, questionadora e cheia de subsídios para nos fazer entender a importância dos órgãos na sociedade não alcança a todos e assim fica difícil, estando fragilizado pelas decadentes condições sociais, interpretar o que vivemos e assistimos todos os dias.
A primeira impressão sempre nos inundará de tais questionamentos. Os excluídos, apesar da maquiagem, existem; desapropriados de estarem e serem sociedade com todos os seus deveres cumpridos e direitos garantidos perdem até a voz. E queimam tudo o que em fumaça nos invade as narinas, mas parece não alcançar a consciência.
Durma-se com o barulho dos últimos tempos. Tem gente que consegue. Para aqueles que não, vamos pensar: não está mais do que na hora de dizer ao “filho que ficou” que tudo que ali está também a ele pertence e que pode fazer uso, que se sinta verdadeiramente parte da casa e assim, quando o pródigo filho retornar, todos os braços se abrirão e o acolherão com verdade, respeito e decência?
Sônia Gabriel
3 comentários:
Amei! Gosto muito do seu trabalho.
Querida Sônia,
O comentário acima foi postado em duplicidade por mei duplo clique. Tentei remover, mas ficou registrado. Não sei bem como funciona. Beijo no coração. Coloco suas lembranças no correio amanhã.
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