domingo, 30 de junho de 2013

Coluna Crônica Jornal de Caçapava: A lenda da borboleta.




(Jornal  de Caçapava, 07 de junho de 2013.)


     Era o jardim mais bonito do Vale Encantado. O jardineiro, muito atento, conhecia cada uma de suas roseiras. Ele amava apenas as roseiras. Em todo aquele reino verde, o colorido das roseiras era espetáculo impressionante. O cuidadoso jardineiro não permitia uma formiga que fosse. Não havia pragas e apenas as abelhas podiam entrar. O sábio tinha aprendido como fazer as mudas, como ajudá-las a crescerem fortes, como variar as cores. As flores que ali se abriam, em nenhum outro jardim existiam.


   Vinham visitantes de todos os outros vales, do mundo todo, pois o mundo é um encontro de vales, pensava o jardineiro. Uns mais longos, outros mais úmidos, outros mais verdes, sempre vales. Durante as visitas, o jardineiro estava sempre vigiando, nenhuma flor poderia sair dali, nenhum espinho atacado, e ela, a roseira branca no centro do jardim, nem ao menos deveria ser tocada. A roseira branca não tinha espinhos, nenhum sequer, precisava de proteção. Era a preferida do jardineiro que lhe dedicava mais tempo e cuidados. Todas as roseiras do jardim a admiravam.

   Naquele dia, depois que todas as visitas se foram, o jardineiro exausto de tanto vigiar suas roseiras, sentou-se no gramado e relaxou. Foi então que viu, mesmo distante, uma borboleta. Ela deslizou seu voo pelo jardim, passou de roseira em roseira, seguida pelo curioso jardineiro. As asas coloridas foram driblando galhos, rosas amarelas, vermelhas, negras, azuis... Até que, diante da roseira mais alta do jardim, a branca, pousou.

  Todas as outras roseiras ficaram encantadas com o desenho colorido daquelas asas. Uma se atreveu a comentar: “Que abelha mais diferente”; algumas silenciavam tentando entender, outras riram sem nada entender. A borboleta, vendo que aquelas belas flores não sabiam o que ela era foi logo avisando toda sua biologia. Onde já se viu flores que não conhecessem borboletas?

    O jardineiro, muito curioso com o diálogo, se acomodou no gramado e escutou...

(continua)


Sônia Gabriel


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