(Jornal de Caçapava, 23 a 29 de outubro de 2009)
O que é ser belo?
Pergunta difícil! Todo dia, diante do espelho milhares de pessoas se olham e se admiram; se odeiam e se envergonham; se questionam sobre o belo.
Tentando cuidar da saúde procurei um conceituado endocrinologista. Eu sou lenta, aliás, faço um esforço imenso para não ser, mas sou lenta. O médico preocupado com tanta lentidão colocou-me diante de um espelho e perguntou o que eu via. Sei lá o que eu via, dizem que a gente nunca se vê de verdade. Não somos, segundo os psicólogos, tantos ao mesmo tempo? O certo é que ele, muito gentilmente, disse que a minha demora é por conta da aceitação: “Você é uma mulher bela, se aceita”.
Será que alguém nesse mundo apressado e tão virtual se aceita? E o que é ser belo?
Quando a gente liga a televisão, abre o jornal, as revistas, etc., é sempre a mesma coisa. Produtos de beleza, fórmulas milagrosas, cirurgias plásticas... Tudo bonitinho e embaladinho nos chamando, nos seduzindo para alcançar a beleza ideal. E quem já não se sentiu tentado a seguir uma dessas fórmulas milagrosas?
Mas afinal como é a beleza ideal?
Para os antigos gregos (nada mais propício do que citá-los agora) a beleza expressava um modo de vida do cidadão. O grego belo era aquele que praticava exercícios físicos, zelando sim pelo seu corpo, mas era também aquele que aprendia música, discutia política, tinha gosto pelo conhecimento e pelas artes. A beleza tinha que ser construída, não era apenas o físico, tinha que ser plena também no espírito.
E foi sentada aqui diante do computador, estudando sobre a beleza que a memória, aliás, na Grécia também ela é uma deusa, me trouxe um exemplo sobre este tema.
No início do ano, estávamos aguardando a professora que nos ensinaria o que é posicionamento filosófico na prática do dia-a-dia, de repente chega uma mulher baixinha, baixinha mesmo, com um salto altíssimo de fazer Luis XV se torcer de inveja, cabelos loiros, olhos claros grandes e expressivos, escancarando uma saia curta que lhe revelava pernas comuns como as de qualquer outra mulher, mas que ela ostentava com segurança. Enfeitada com brincos, pulseiras e colares como todas as outras mulheres fazem, mas que nela se destacam mais. Detalhe: ela tem um porte físico que está longe dos ditos padrões de beleza e carrega a maturidade de quem sabe ser bela acima da idade ou dos quilos a mais que se tenha. Poucas vezes estive diante de uma mulher que se encaixasse tão bem numa beleza plena. Ela é bonita de se ver, de se ouvir e de se sentir. Uma mulher perfumada, aconchegante que fez de nós, mulheres adultas, uma turma de crianças, nos incomodou, nos inspirou, nos ensinou, nos acolheu e se despediu como aquela nossa professora de jardim: com abraços, beijos e afagos. Deixou a sua marca, a lembrança de sua presença.
Quanto a mim, tive metade de meu caminho facilitado na compreensão do que é, afinal, o belo.
Pergunta difícil! Todo dia, diante do espelho milhares de pessoas se olham e se admiram; se odeiam e se envergonham; se questionam sobre o belo.
Tentando cuidar da saúde procurei um conceituado endocrinologista. Eu sou lenta, aliás, faço um esforço imenso para não ser, mas sou lenta. O médico preocupado com tanta lentidão colocou-me diante de um espelho e perguntou o que eu via. Sei lá o que eu via, dizem que a gente nunca se vê de verdade. Não somos, segundo os psicólogos, tantos ao mesmo tempo? O certo é que ele, muito gentilmente, disse que a minha demora é por conta da aceitação: “Você é uma mulher bela, se aceita”.
Será que alguém nesse mundo apressado e tão virtual se aceita? E o que é ser belo?
Quando a gente liga a televisão, abre o jornal, as revistas, etc., é sempre a mesma coisa. Produtos de beleza, fórmulas milagrosas, cirurgias plásticas... Tudo bonitinho e embaladinho nos chamando, nos seduzindo para alcançar a beleza ideal. E quem já não se sentiu tentado a seguir uma dessas fórmulas milagrosas?
Mas afinal como é a beleza ideal?
Para os antigos gregos (nada mais propício do que citá-los agora) a beleza expressava um modo de vida do cidadão. O grego belo era aquele que praticava exercícios físicos, zelando sim pelo seu corpo, mas era também aquele que aprendia música, discutia política, tinha gosto pelo conhecimento e pelas artes. A beleza tinha que ser construída, não era apenas o físico, tinha que ser plena também no espírito.
E foi sentada aqui diante do computador, estudando sobre a beleza que a memória, aliás, na Grécia também ela é uma deusa, me trouxe um exemplo sobre este tema.
No início do ano, estávamos aguardando a professora que nos ensinaria o que é posicionamento filosófico na prática do dia-a-dia, de repente chega uma mulher baixinha, baixinha mesmo, com um salto altíssimo de fazer Luis XV se torcer de inveja, cabelos loiros, olhos claros grandes e expressivos, escancarando uma saia curta que lhe revelava pernas comuns como as de qualquer outra mulher, mas que ela ostentava com segurança. Enfeitada com brincos, pulseiras e colares como todas as outras mulheres fazem, mas que nela se destacam mais. Detalhe: ela tem um porte físico que está longe dos ditos padrões de beleza e carrega a maturidade de quem sabe ser bela acima da idade ou dos quilos a mais que se tenha. Poucas vezes estive diante de uma mulher que se encaixasse tão bem numa beleza plena. Ela é bonita de se ver, de se ouvir e de se sentir. Uma mulher perfumada, aconchegante que fez de nós, mulheres adultas, uma turma de crianças, nos incomodou, nos inspirou, nos ensinou, nos acolheu e se despediu como aquela nossa professora de jardim: com abraços, beijos e afagos. Deixou a sua marca, a lembrança de sua presença.
Quanto a mim, tive metade de meu caminho facilitado na compreensão do que é, afinal, o belo.
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