quinta-feira, 7 de abril de 2011

Coluna Crônica Jornal de Caçapava: Tantas histórias de casamentos.

(Jornal de Caçapava,  01 de abril de 2011.)


Tenho escutado muitas histórias, das mais variadas e interessantes. Histórias verdadeiras; histórias inventadas para que a vida se torne tormento suportável; histórias inventadas que tomam posse de seu autor e ele passa a crer estar presente nela. Este tempo de pouco silêncio destrava algumas emoções e termina por permitir que a alma se exponha. Que falem. A fala salutar é um precioso mecanismo para nos fazer bem.

Coleciono histórias de gente que se casou, descasou e casou novamente com o mesmo amor. Gente que anda querendo se casar e gente pensando se um dia se casará. Tem gente não mais acreditando nessa história de casamento, balela pura tal convenção. Tem gente querendo procriar, mas sem se casar, só meio pacote, por hora.
Estou pensando, por que será que tenho escutado tantas histórias de casamentos nos últimos dias? Li que o mês dos casamentos já não é maio, estão trocando mais alianças em dezembro, está certo que há a questão financeira, dizem. Não será que é porque Natal (licença poética) rima com família? E, contrariando todas as proposições, quaisquer que sejam elas e de onde venham, ainda acreditamos na importância desta instituição.
Não tenho respostas, mas tenho histórias, falemos de duas.

História como a da mulher guerreira, ébano personagem de palavras firmes e olhos meigos, que se casou, separou e casou novamente com seu mesmo amor. E um dia, diante da fraqueza de um espírito inconstante e covarde em suas decisões, para facilitar-lhe as palavras que não ousava proferir, arrumou-lhe as malas e abriu-lhe a porta definitivamente, de cabeça erguida e alma descansada. E mesmo assim, ama e defende a família, ela e a filha, que permanecem.
História de um homem de pequena estatura e grandeza de humanidade como aquele que precisou cair para se levantar, não ver para enxergar e assim descobrir o que realmente tinha que fazer. O humano que teve o infortúnio de saber-se num mundo irreal, ele terminou um casamento e descobriu árvores que podem não ser de suas sementes. Se sofre? Claro. Mas, como cantarola! De suas mãos pacientes nascem belezas para quem as puder enxergar! Ah! E claro, casou-se novamente.

Amor é alimento, antes de ter qualquer outra explicação. Talvez por isso tenha escutado falar tanto sobre casamentos nestes últimos dias, talvez por isso a imprensa constantemente os mencione, ali, junto aos índices de divórcio, natalidade, falecimentos...
O amor é vida e as pessoas estão construindo novos modos de viver, novas fórmulas para conviver, só não querem e não foram feitas para estarem sós.


Sônia Gabriel

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