quarta-feira, 20 de julho de 2011

Coluna Crônica Jornal de Caçapava: Cheiro de Infância.


(Jornal de Caçapava, 15 de julho de 2011.)


Durante esta semana, estou assistindo ao Congresso Brasileiro de Folclore, que está acontecendo junto ao Revelando São Paulo, já tradicional em nosso Vale do Paraíba. Todos os anos, venho com minha família passear durante os eventos. Chegamos cedo, fazemos uma caminhada pelo Parque da Cidade, apreciamos os artesanatos, as demais Manifestações Culturais, e sempre me encanto com as bonecas da cidade de Monteiro Lobato e com as bonecas da Dona Diva, de São José dos Campos. Enquanto caminho por entre tanta arte, converso com as pessoas, sempre nasce uma nova amizade. Depois almoçamos, comida é onipresente no Revelando. Antes de irmos embora, os doces enchem um saquinho quase abarrotando e satisfazem a alegria das crianças.

Durante essas visitas, meu coração se enche de alegria, pois vejo e sinto todas as lembranças de minha infância. A infância tem um perfume e é muito interessante voltar a este tema. O que me trouxe aqui foi a fala de um senhor, que, caminhando pelo Parque, apreciando o cenário do Revelando, suspirou o quanto o cheiro de estrume que estava no ar (estávamos ao lado do alojamento dos animais) o fazia sentir saudade da infância na zona rural.
É verdade, a fumaça dos tachos e panelas, o cheiro de galinha sendo refogada, de torresmo gritando e tinindo, do café fresquinho, do bolinho que nunca sacia o suficiente, de pão amanhecido sendo frito com manteiga. Cheiros de brinquedo novo, de livro novo, de roupa nova, de nova manhã que se abre, sempre me levam aos dias de minha meninice e é muito bom. Tenho na memória o gostoso perfume que minha avó materna e minha tia sempre usavam. Tenho a impressão de que era o mesmo. Elas vinham nos visitar cheias de presentinhos e guloseimas e seus abraços deixavam na minha roupa um perfume que eu ficava torcendo para não passar logo. Acho que era cheiro de amor.
A minha infância também tinha cheiro de vento. Vento é como terra seca molhada pela chuva. Para mim, sempre teve o mesmo perfume.
E você? Sua infância teve qual cheiro?
Me conta...

Sônia Gabriel

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