Pouso Alto de Ribeiro Couto e Menina

As mulheres da família de Eugênia Sereno estão me apresentando um mundo muito interessante. Peculiar.

Esta casa tão bucólica e bela foi morada do poeta Ribeiro Couto e sua Menina. Aqui, ela foi feliz, para a cidade deixou parte de sua herança, mesmo tendo vivido em tantos outros lugares. Desde a França, separados, continuaram os enamorados da casinha de Pouso Alto se correspondendo por toda vida, uma carta por semana.

Casa que abriga histórias e encontros literários de peso. Poeta Braga Barros desvendará esse encontro para nós, amantes desses mistérios das letras. "Sua  casa, tinha um só pavimento. Na sala de frente ficava seu escritório, onde estudava direito e escrevia versos. Defronte, nos fios telegráficos pousavam passarinhos, com a vida constantemente ameaçada pela espingarda do promotor. Nos fundos, passa o Ribeirão Pouso Alto; e ali peixes pacíficos - os mandis, os lambaris, as curimbatás de gosto de terra também andavam tontos, enfrentando a tentação constante das iscas do anzol do promotor ...  " (Odylo Costa Filho) 

Fui recebida com um carinho mineiro muito especial de dona Catarina.

Ela me contou sobre a generosidade de dona Ana Jacinta, sobre a amizade de Donana com uma senhora muito especial. Dona Catarina nasceu na casa, berço inusitado de poemas enigmáticos do encontro de Ribeiro Couto, Manuel Bandeira e Carlos Drumond de Andrade.

A antiga porta ( não existe mais) já para a rua foi ultrapassada por visitantes e parentes muito especiais. As parentas que tinham apenas um filho ou não os tinham, curiosamente, casaram-se com homens que geraram muitos livros. Plínio Salgado casou-se com Maria Amélia Pereira, Mário Graciotti casou-se com Benedicta Rezende (nossa Eugênia Sereno) e Ribeiro Couto casou-se com Ana Jacinta Pereira. Está dando o que pensar...

Menina, para estas torres, levantava seus olhos.?

 

Alto mesmo! Tantas novidades e emoções me fizeram precisar de apoio. Brincadeira!

As pedras permanecem depois que todos já se foram. Partiram nos deixando tantos mistérios as serem desvendados. Já estão se clareando...

A cidade é muito bonita, uma calma nos invade.

As ruas enchem nossa imaginação.

O casario povoa as linhas rabiscadas por ali mesmo.

Uma caminhada e os detalhes vão nos conduzindo pela Pouso Alto da década de 20, a cidade que acolheu uma Menina muito especial.

Sobre o nome da cidade, assim Manuel Bandeira escreveu: 

 "Couto: Pouso Alto é um nome estupendo. Parece nome de ninho de águia. Pouso Alto. Absolutamente sereno..."

Trecho de uma carta enviada por Manuel Bandeira ao amigo Ribeiro Couto, quando ele residia em Pouso Alto, em 25 de agosto de 1925.

Olha o detalhe!

A ponte.

O ribeirão. 'Tem peixe hoje, senhor Promotor?'

Meus olhos já não de menina, mas também sabem para onde olhar, sob a proteção do Anjo Guerreiro.

Despedindo da cidade, hora de voltar para casa.

Pausa para o café e a mamadeira.

Descendo a Mantiqueira, de repente, uma neblina total. Tudo foi se fechando, do tempo ao comércio. Insistimos um pouco mais, não teve jeito. Começamos a voltar, nenhum quartinho de hotel ou pousada. Tivemos que retornar até Pouso Alto, passamos a noite, eu intrigada.

Teve motivo. Isso só conto depois...

No dia seguinte, agora sim, de volta para casa. Alguém pode não se render a este cenário?

Saibam mais sobre a cidade no http://www.pousoalto.net/

Paz e bem!

Sônia Gabriel