quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Vejam a história de José Antônio Braga Barros, que primor!



Continuando com nosso Dia Valeparaibano de Contar Histórias...


Gosto da vida simples, sem complicações

 J. A. Braga Barros

" Gosto mesmo é de ficar aqui parado, contemplando esta mesma paisagem, que cada hora está diferente, só com o passar do sol que todo dia vai arrastando as sombras de lá para cá destacando com sua luz, está ou aquela flor.
 Gosto mesmo é de ficar aqui em silêncio, ouvindo pássaros, que às vem cantar aqui pertinho de mim e outras vezes, escondidos entre folhagens, só faz sua música invadir os espaços.
Gosto mesmo é do céu azul que com suas nuvens brancas, muitas vezes com suas bordas enfeitadas de dourado, em cada momento mostram castelos e sonhos que não poderia imaginar, sem elas.
Gosto mesmo é quando o caboclo passa por aqui e entre um: Taaarde! Deixa meia dúzia, de quatro ou cinco histórias narradas, sem a menor pretensão, de ser contador, poeta, filósofo, ou conquistador. Conta pelo simples prazer de conversar. Aquela conversinha, assim, assim, bem de finin..., cortando as palavras... deixando os silêncios completarem seus pensamentos e imaginação. 
Gosto mesmo é quando um vento antigo, traz recordações de muitos passados que escutei, vivi, ou aprendi entre tachos de doces, formas de bolos, panelas de comidas saborosas sendo feitas em fogão de lenha, com serpentina para a água quente da torneira e do do chuveiro. Ou ainda, perto da máquina de costura, vendo os tecidos sendo cuidadosamente sendo transformados em lindas vestimentas para toda a família.
Gosto mesmo é de reler os meus livros e acrescentar novas leituras descobrindo maneiras diferentes de dizer as mesmas coisas. Mas o que eu gosto mesmo é de escutar pessoa de verdade falando e lá dentro de mim descobrir mundos novos, muito diferente destas realidades de televisão, de política, de gente importante... 
Gosto mesmo é de ver gente que, quase sem nada, ainda tem muito o que repartir. Gosto de gente solidária, gosto da partilha, gosto do abraço apertado. Puxa o banco, senta aqui. Vou lhe contar um causo. Ramiro do Alcides, tem mais histórias que enciclopédia de escola, cada hora o homem fala cada coisa que não sei de onde ele tira. Veja, que ele pedreiro velho, daqueles que para cada caixão de cimento, para umas trinta vezes para explicar alguma coisa, para tomar café, ou mesmo dar uma fugidinha, para tomar uma branquinha, ali na venda da esquina. Pois bem, Ramiro do Alcides, sempre tinha uma justificativa para cada mal feito. E acabava de levar uma bronca da dona Esmeralda, uma vez que o piso do banheiro que terminava de fazer, estava com a água correndo para fora e não para o ralo. Na maior calma, olhou para a dona, puxou seu cigarrinho, bateu na unha do dedão, colocou meio de lado, na boca, acendeu, deu uma baforada e indagou, com aquela vozinha fina:
 - Isso, não é nada, para que que existe rodinho? É só passar o rodinho que fica tudo seco... e saiu na mesma paz! O que eu gosto mesmo é da vida simples, sem complicações."


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