A gente escreve a própria história nunca em solidão. Ela começa muito antes de nós. A minha é antiga, muito mais antiga que esta foto, mas é o que tenho para conhecer o tamanho das linhas que já foram rascunhadas. Bela, austera, ali sentada, é Dona Tertuliana, minha tataravó... Um dia conto sua história... Ela representa Dona Áurea, Dona Flausina, Dona Dórvina, Dona Maria... Todas Donas - majestosas de suas vidas, sangue de minhas veias.
Eles nem sabem o quanto vão nos ser. Meu pai e minha mãe. Suas vidas unidas me deram a minha.
Quanto amor podemos sentir por aqueles, imperfeitos, que nos geram e sonham para a perfeição? Quem mais nos ama tanto por tão pouco? Agradeço todos os dias pelos olhos verdes e histórias encantadas contadas por meu pai. Agradeço todos os dias pela perseverança e maternidade de minha mãe.
Eu. O vestidinho foi feito por minha mãe com pedaços de seu vestido de noiva. Os sapatos e as meias, uma história a parte. Meu nascimento, uma delícia intriguenta de história. Haja papel e tempo para contar. Agradeço pela criança que fui.
Eu, minha mãe e meus irmãos. A vida de Menina (assim mesmo) está me rendendo um livro muito particular.
As aventuras misteriosas do antigo Parque Santo Antônio, os velhos personagens de Jacareí. Todos estão chegando... Os ventos me embalam e a Menina sempre voa para lá, na década de 1970. Agradeço pela Menina que nunca me abandonou.
Eu, no dia de minha Primeira Comunhão (05 de dezembro de 1982). Gal e Donizete, nesta foto, representam o tempo de meu aprendizado. Representam Frei Vitório, Marco Aurélio de Souza, Neusa Mariano e todos os colegas de jornada, amigos na fé. A minha permanece fiel escudeira de meus dias. Todos os dias. Quanta história temos para contar, meus amigos.
Lembranças da adolescência, do tempo dos sonhos, mas também das dores e perdas. Tempo em que temos e vemos encantamento em tudo. Saudades da pena pesada que tinha ao escrever. A vida nos suaviza também... Lembrança boa dos livros que li... Das pessoas que ouvi. Ouvi tanto e ainda não sabia o quanto me seria importante. Agradeço pela moça que fui. A moça que permitiu a mulher que hoje sou.
Agradeço pelo amor. 'A vida nos presenteia quando percebe que podemos entender o valor do presente', me disseram certa vez, se assim for, agradeço o privilégio.
Agradeço por não caminhar sozinha, pelos anos vividos até aqui, pela história construída, pela possibilidade do que há de vir. Agradeço por ter com quem compartilhar o tempo, as rugas que chegam, o peso que muda, os cabelos que branqueiam e ofereço meu olhar de apaixonada. O mesmo desde aquela tarde.
Um dia de cada vez, uma história simples, nada de fantástico.
Nasci, cresci, , fiz escolhas, trabalho, aprendo, vivo. Amo, tenho filhos, lembranças, continuo vivendo.
Mas, absorvo profundamente cada momento, cada alegria, cada tristeza, cada perda, cada vitória, cada suspiro, pois a minha vida é meu maior presente.
Sou grata.
Paz e bem!
Sônia Gabriel
2 comentários:
Olá, Sônia!
Parabéns!!! Que Deus continue te abençoando com muita saúde, alegria e amor.
Um grande abraço!!!
Karine, Taciano e Maria Eduarda.
Linda! Parabéns!
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