quinta-feira, 13 de setembro de 2007

As verdades e as mentiras sobre São José



História
São José dos "mitos" e "verdades"
Lendas e mistérios que cercam a cidade são avaliados por pesquisadores e moradores tradicionais
Trechos da matéria de Rodrigo Machado, publicada em 14/01/2007, jornal Valeparaibano.

São José dos Campos

O Banhado era uma praia? Há túneis ligando a Igreja Matriz e o Banhado? As palmeiras imperiais do Parque da Cidade vieram das Ilha Antilhas? Os cães apreendidos pela carrocinha na cidade viram sabão? Antes de ser o Parque Santos Dumont, o local era um sanatório?Como todas as cidades do Vale do Paraíba, São José dos Campos está cheia de mistérios e lendas. O valeparaibano desvenda hoje alguns destes mitos em torno de uma cidade que foi trilha da Independência, ganhou fama por ser um centro sanatorial e se tornou a capital nacional da aviação. Saiba nesta edição se as palmeiras da avenida João Guilhermino eram o portal da cidade, se o bairro Chácaras Reunidas foi parte do caminho da Independência e se Tom Jobim cantou no anfiteatro do Parque da Cidade para a família Olivo Gomes (leia texto nesta página).Segundo o pesquisador em história Donato Ribeiro, os mistérios da cidade foram passados de geração em geração e muitos deles documentados por pessoas que eram apaixonadas por São José.Histórias como a do túnel que teria sido construído entre os séculos 19 e 20 na região central da cidade fascinam as pessoas e rendem discussões entre historiadores e pesquisadores.Segundo Ribeiro, a questão dos túneis, que serviriam como rota de fuga dos escravos, é um assunto até o momento não comprovado. Verdade ou mentira?"Para os mais antigos a idéia do túnel entre a Igreja de São Benedito e o Banhado é verdadeira. Não podemos confirmá-la, pois algumas pessoas procuraram o acesso pelo Banhado, mas não encontraram nada", disse o pesquisador.PRAIA? - Um dos mistérios que mais chamam a atenção dos moradores e historiadores que gostam e valorizam São José dos Campos é a informação de que a região do Banhado era banhada pelo mar no século passado.Segundo levantamento do valeparaibano feito com pesquisadores, o Banhado era chamado de "praia joseense". Entre 1960 e 1970, o rio Paraíba transbordava e suas águas provocavam as cheias. O nível das águas subia até a linha do trem. As pessoas frequentavam o local e nadavam por lá. Haviam casas construídas em frente à praça Afonso Pena, que era na época uma cadeia, e que tinham a 'praia' no quintal.Nesta época, os barcos saíam da Matriz e seguiam até Santana. "Meu avô sempre contava essas coisas quando eu era criança. Ele falava que vinha do centro da cidade para Santana de barco", disse a dona-de-casa Cristina Ribeiro dos Santos, 28 anos.Há 20 anos, quando se mudou para São José, a secretária executiva do Comtur (Conselho Municipal de Turismo), Carmen Inêz Diogo Machado, 53 anos, ficou encantada com o Banhado."Eu ficava pensando de verdade se o local um dia tinha sido mar. Depois de estudar a história da cidade e levantar informações fui descobrir que aquele lugar era conhecido como a praia joseense", disse.Em sua opinião, alguns moradores ainda não têm a consciência da riqueza de São José dos Campos. "A cidade é acolhedora, tem pessoas empreendedoras e inteligentes, mas ainda há moradores que não se dão conta da riqueza da cidade."Com a construção das represas de Santa Branca e Paraibuna, o nível das águas do rio Paraíba baixou e nunca mais provocou inundações na área. Parte do Banhado foi loteada e hoje abriga grandes residenciais, como o Esplanada do Sol.A orla do Banhado se tornou cartão-postal da cidade e ponto turístico do Vale do Paraíba. Os cinco milhões de metros quadrados que integram a região são considerados APA (Área de Proteção Ambiental).

Morador estuda histórias dos antepassados
São José dos Campos

Moradores de São José dos Campos exercitam a curiosidade e buscam saber um pouco mais sobre a história da cidade.A administradora de empresas Maria Beatriz Carvalho, 35 anos, coleciona histórias contadas pelo seu pai, o aposentado Agenor dos Santos Carvalho, 61 anos. Há dois anos, ela resolveu estudar a história e o desenvolvimento da cidade.Ela confirmou, por meio dos passeios históricos e pesquisas feitas em livros da Biblioteca Municipal Cassiano Ricardo, as histórias ouvidas durante sua infância."Fico fascinada em descobrir novas histórias da cidade que sempre gostei. Quando era criança, meu pai vivia contando as histórias mal assombradas que aconteciam em São José e também como as pessoas viviam na cidade", disse.Para ela, pensar que o Banhado era a praia de São José é algo estranho. "Não duvido não, pois a avenida São José tem um formato igual ao das avenidas das praias. Mas, pensando bem, o mar fica do outro lado."O estudante Wellington Soares dos Santos, 17 anos, estudou sobre a trilha da Independência e, segundo ele, o bairro Chácaras Reunidas, na zona sul de São José, integrou o caminho de Dom Pedro 1º em 1822. "Tem até um monumento que está grafado que lá passou o Imperador Dom Pedro 1º."CURIOSIDADE - Entre as curiosidades da cidade está a primeira escada em caracol, construída em um imóvel dentro do CTA (Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial).Segundo a secretária executiva do Comtur (Conselho Municipal de Turismo), Carmen Inêz Diogo Machado, 53 anos, a história da escada no CTA fascinava grande parte dos moradores de São José dos Campos."Segundo os pesquisadores, os moradores mais antigos da cidade comentavam sobre a moda. A segunda escada em caracol de São José foi construída na casa Olivo Gomes, no Parque da Cidade. Era uma arquitetura moderna em pleno século 20", disse.A aposentada Maria Alice dos Santos, 76 anos, de Santana, zona norte da cidade, lembra que as pessoas comentavam sobre as escadas. "Era novidade ter uma escada em caracol na cidade, ninguém estava acostumado com aquilo."


Pesquisadora lança livro com histórias

A escritora e pesquisadora Sônia Gabriel lançou no segundo semestre do ano passado o livro "Mistérios do Vale" --Histórias que o povo conta no Vale do Paraíba e Serra da Mantiqueira. A escritora percorreu todas as cidades da região levantando informações com moradores antigos, pesquisas em manuscritos e fotografou os locais onde se passaram as histórias que o povo ainda conta na região. O estudante Anderson Fernando da Cruz, 18 anos, leu a publicação e achou interessante o material. "Você termina uma história e já dá vontade de ler a próxima. O que me chamou a atenção foi a lenda de um bicho que está adormecido no rio Paraíba."


Um comentário:

Anônimo disse...

faz temtempo que vc postou e tal.. mas numas das minhas peguisas encontrei sue texto muito interessante eu nasci em sjc e nunca fiquei sabendo sobre essas lendas e fatos! Eu trabalho numa produtora audio visual e acho q achei um otima materia As culturas que acho q se perderam. MAs enfim agradeço pelas informações!