Estive em Aparecida sábado passado. Levei minha mãe e minha tia acompanhadas dos meus filhos. Mas antes de tudo eu me levei. Retomo meus escritos sobre o Vale do Paraíba. Essa caminhada que começou pelos mistérios, passando pelos personagens enigmáticos, agora se direciona para os lugares e as pessoas que dão vida à paisagem. Sim, sempre as pessoas.
Reinicio minha caminhada por Aparecida, cidade que nasceu de uma das mais belas histórias do rio Paraíba do Sul. Uma história de fé dos pobres, fé dos piraquaras, fé dos negros escravizados. Fé dos milhares de romeiros que, a cada ano, se dirigem para as margens, agora distantes, do rio de águas sagradas.
Aparecida é uma cidade que, à primeira vista, pode não seduzir olhos estreantes pela beleza. Ruas apertadas, morros, excesso de comércio e ambulantes que impedem um caminhar mais sossegado. Confesso que aprecio mais os arredores da antiga Basílica: história, lenda e devoção se entrecruzam com a diversidade de cores e pessoas. Jovens, crianças, idosos carregando as marcas do tempo e um semblante de esperança do que buscam.
As pessoas são o que de mais especial encontramos em Aparecida, além, claro, da substância do conceito de mãe. Isso ainda mistério para a humanidade.
Já tive a tentação e pouca humildade de achar absurdo alguns pagadores de promessas; quando via aquelas pessoas se arrastando, ajoelhadas, me vinha a soberba de pensar que era demais. O tempo, o amadurecimento e a vida se encarregam de nos dar as, realmente, importantes lições. Hoje, quando vejo os pagadores de promessas, em sua entrega mais profunda, só me vem ao pensamento que cada um sabe por quem dobra seus joelhos.
Sim, por quem. Por si mesmo, por outros; sempre por quem.
Desta feita, passei na redação do jornal O Lince, conversei com Alexandre Lourenço Barbosa sobre livros, jornais, histórias e pessoas as quais prezamos muito. Ganhei livros muito especiais e tomamos um café maravilhoso feito por sua esposa. Depois de “romeirar”, passando pela passarela, olhei com olhos de amor aqueles que dobravam seus joelhos e pensei nos tantos viveres nossos de dores, alegrias e gratidão.
Amém!
Sônia Gabriel
Típica...