terça-feira, 10 de julho de 2012

Coluna Crônica Jornal de Caçapava: Lenda do Cemitério do Avareí.



(Jornal de Caçapava, 22 de junho de 2012.)


     No Cemitério do Avareí, em Jacareí, há muitas histórias. Uma delas é sobre uma senhora dona de escravos que era muito ruim com eles. Geniosa e ciumenta, costumava molestar as escravas que eram bonitas. Tinha por prática deixar cicatrizes nas negras ou, então, lhes queimar os seios. Em alguns relatos consta, ainda, que mandava amarrar os escravos em árvores que ficassem próximas ao rio Paraíba, para apavorá-los com o medo de serem comidos pelos jacarés. Seu túmulo possui uma imagem que, dizem, se apertar o dedo dela, mostra a língua.
     Ainda no Avareí, aconteceu um fato inusitado: havia perto do cemitério um botequim. Os boêmios da região tomavam conta e deixavam o local sempre cheio. Certo dia, um dos frequentadores, ao sair de casa para o costumeiro programa, disse à sua mulher que iria trazer um cabrito para ela cozinhar (ele já estava de olho no bicho, que corria solto, há alguns dias). A mulher resolveu, então, ajudar o marido na empreitada. À noitinha, ficou escondida próxima ao portão do cemitério. Um dos outros frequentadores do bar estava voltando para casa, quando passou pelo portão e viu um vulto se movimentando e assustou-se. Saiu correndo antes de perceber que era uma mulher, tão assustada quanto ele. O sujeito voltou para o bar à procura de um corajoso que voltasse com ele para procurar o tal vulto. Ninguém se atreveu, a não ser um companheiro que, por infortúnio, não tinha as pernas. O sujeito, prontamente colocou o companheiro nas costas, partindo para a aventura. A mulher, que aguardava o marido, viu na penumbra a imagem de um homem carregando algo nas costas, achando que era o marido, murmurou: “Está vivo?”, pensando no cabrito. O homem saiu correndo e gritando e pouco se importando com seu mais recente companheiro de aventura. 

Sônia Gabriel


Um comentário:

Anônimo disse...

adorei conhecer a lenda do cemiterio