quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Coluna Crônica Jornal de Caçapava: A Lenda da Mão Fria - Mistérios do Vale.




(Jornal de Caçapava, 16 de novembro de 2012.)

A Terra das Cachoeiras (antiga alcunha para Cachoeira Paulista) tinha tanto índio quanto planta e bicho.
Entre os indígenas não havia diferença entre vida da terra e vida do céu.
Caminhavam os entes a visitarem e vigiarem os humanos.
Havia uma índia, uma das mais belas da tribo dos puris.
A bela era Maná, filha do cacique Taboré.
Maná, preciosa como era, foi oferecida a Tupã.
O pajé, numa cerimônia, ligou o destino da jovem índia aos domínios de Tupã.
Passado algum tempo, Maná se apaixonou por Catu.
O índio retribuiu o sentimento e eles se uniram pelo amor.
Tupã a tudo assistiu e sentindo-se traído fez cair do céu uma Mão de Ouro nas terras indígenas.
O fenômeno reluzente atraiu os olhos da jovem.
Encantada com aquela visão, Maná sentiu seu corpo congelar-se e ser sugado pela terra.
Triste por distanciar-se de seu amado, Maná já quase toda enterrada chorou.
De seus olhos tristes, duas lágrimas rolaram e transformaram em uma mina d’água.
A mina se formou pequenina, delicada e de águas cristalinas.
O povo passou a usar daquela água e ao local batizaram como Fonte da Mão Fria da Indiazinha Maná.


Em tempo: Cachoeira Paulista é terra de tradição literária. Naqueles campos nasceram dois dos maiores escritores regionalistas brasileiros: Valdomiro Silveira (1873-1941) e Ruth Guimarães (1920). Ambos deram voz a personagens da terra, nos presentearam com tradições e valores caipiras genuínos. Autores de obras de rara beleza como: Caboclos, Nas Serras e nas Furnas, entre outros (Valdomiro Silveira), e, Água Funda, Filhos do Medo, Calidoscópio (Ruth Guimarães) e mais de trinta outras obras entre romances, pesquisas e traduções.

Sônia Gabriel

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