(Jornal de Caçapava, 31 de janeiro de 2014.)
É durante os segundos que uma sequência de fatos vai construindo nossas horas que alimentam nossos dias que impulsionam nossa existência. Ela, nossa vida, é muito breve. É quase um segundo diante da grandiosidade do respirar. A beleza da vida, a busca pela felicidade que tanto almejamos, decantamos e refletimos precisa, talvez, de um segundo.
Eu sempre tive a estranha mania de contar segundos, me distraio assim quando nada mais é possível ou oportuno, estabeleço uma competição com os ponteiros dos minutos, celebro quando empato com o relógio, quando acerto em cheio o tempo exato dos minutos.
Se felicidade plena não fosse apenas utopia, se receita para eternas gargalhadas não se disfarçassem de reflexão; se cada um de nós soubesse cuidar de cada um dos nossos segundos, quanto dissabor seria evitado.
Apenas um segundo. Não podemos garantir que a vida não nos abandonará daqui um segundo. Como somos pretensiosos em garantir o próximo segundo. Amanhã sorrirei mais, amanhã vou, amanhã penso, amanhã resolvo, amanhã...
Sei que o amanhã nos conforta, mas é apenas isso. O amanhã é um refrigério para os segundos que não acolhemos. Bendita pretensão que nos move e, muitas vezes, nos acomoda em envolvente sedução silenciosa entre um segundo e outro.
O amanhã, meus amigos, é o conforto pelos segundos desperdiçados.
Sônia Gabriel
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