Apreciem a delicadeza dessa história...
"Mistérios de Cachoeira
No Vale do Paraíba, há mais mistérios do que se pode imaginar. Tive uma experiência que eu diria ter sido, “sobrenatural” e aqui, vou relatar.
Estava fazendo uma obra, em homenagem à cidade de Cachoeira Paulista. Baseando-me numa foto feita pela escritora Sônia Gabriel, pintei uma rua com várias casas brancas, de portas e janelas azuis. Como Cachoeira Paulista é a terra natal da escritora Ruth Guimarães, decidi fazer uma homenagem à ela e assim, defini uma daquelas casinhas como sendo dela e a coloquei em frente à casa escolhida.
À frente da escritora, eu deveria pintar uma rua mas, achando pouco criativa esta ideia, decidi fazer passar ali, o Rio Paraíba. Fiz nele algumas “ondas” e, para deixá-lo colorido, decidi pintar também uma canoa atada à beira do rio.
A obra ficou pronta e a deixei de lado.
Comecei então, a fazer outra obra, só que desta vez, em homenagem à cidade de São Bento do Sapucaí. Nesta obra, estou homenageando a escritora Eugênia Sereno e seu tio, o jornalista Plínio Esteves Salgado. De repente, me deu “um branco” e me esqueci que grau de parentesco era Plínio Salgado, de Eugênia Sereno. Tomei nas mãos, o livro “A Menina dos Vagalumes”, de autoria de Sônia Gabriel e Rita Elisa Sêda, e comecei a folheá-lo para encontrar a informação que eu precisava.
Na página 53 do livro, me deparei com a seguinte informação: ...”Realmente, o Vale do Paraíba tem uma bela safra de diamantes intelectuais. Olga de Sá nos apresenta um deles: Ruth Guimarães, escritora, jornalista que ‘nasceu em Cachoeira Paulista e está integrada em sua cultura e paisagem como os artesões que ama, como o Rio Paraíba e a Serra da Mantiqueira’. No romance Água Funda, Ruth descreve a vida da Sinhazinha Carolina que se apaixonou por um homem de 20 anos de idade e essa foi a sua ‘disgraçera’, pois ele roubou tudo que ela tinha. A história tem densidade poética e faz com que o leitor viaje pelos lugarejos apresentados sinestesicamente. ‘A gente passa nessa vida, como canoa em água funda. Passa. A água bole um pouco e depois não fica mais nada’.
Quando li esse trecho do livro Água Funda, me deu até um arrepio: eu havia pintado exatamente a água bolindo e a canoa amarrada às margens do rio. Tinha tudo haver com a obra da escritora homenageada. Isso, para mim, é a mais viva prova de que o Espírito Santo de Deus age em nós, se permitimos. Peço perdão à Ruth Guimarães pela minha ignorância em relação à sua obra, que agora, irei pesquisar. Mas tenho que manifestar meu espanto pois, não acredito em coincidências mas, em providências!
Ruth Guimarães, é para a senhora que eu dedico essas palavras! Através de sua existência, pude viver uma experiência, no mínimo, inexplicável. Eu pintei a “história” de uma obra que eu ainda não conhecia. Sou grata pela sua presença, Ruth Guimarães, fazendo diferença na minha vida, de um modo tão “sobrenatural”!"
Sonya Mello
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