Braga, tinha que iniciar com você! E que história... Amei...
Amigos, curtamos nosso dia de contar histórias, celebremos esses delicados e especiais momentos que podemos oferecer aos amigos, ao próximo.
Paz e bem!
E um mundo de boas histórias...
"Velório em Minas é um caso sério.Sempre fui conformado com a finitude. Entretanto, cada vez mais percebo a brevidade desse hiato, chamado vida, situado entre o nascer e o morrer. Isso não me perturba. Ao contrário, revigora em mim, os sonhos, as vontades de deixar marcas, a alegria do convívio, “eterno, enquanto dura”, com meus amigos e familiares. O mês de agosto, nada contra os que nasceram neste mês, ou compraram e venderam, casaram e são muitos felizes. No entanto, para evitar dar sorte ao azar, recomenda-se, no oitavo mês do ano, cada um ficar quieto em seu canto, aguardando a primavera chegar. Sei que não foi fácil. Fora os panelaços, fora os diz que diz, a promoção da crise, as denúncias premiadas e os habeas corpus preventivos, coincidentemente, as bruxas estavam soltas. Por aqui, é costume – para anunciar as mortes, os velórios e os horários dos sepultamentos – nos alto falantes da matriz. Tocarem aquela bendita música que deixa todo mundo de orelha em pé, para saber quem foi desta para uma melhor. , E não é que anunciaram, com o patrocínio da funerária que o Carlinhos do Zé Paulino havia falecido. Amigo desde o tempo de criança. Dono de uma risada que enchia o quarteirão. Irreverente. Mordaz em suas críticas, mas amigo de todo mundo. Era daqueles que não perdia a piada. E não mandava recados, falava ele mesmo diretamente, na lata, o seu chiste, acompanhada de sua risada característica, espalhafatosa. Para um casal perguntou primeiro para a mulher: - Quantos filhos você tem? Ela suavemente respondeu: - Dois. Na mesma fração de segundo se vira para o marido e indaga: E você, tem quantos? E já dá aquela risada, maior que a do Jefinho, que apesar da perna amputada, também era dono de uma risada que enchia a praça. De outro sujeito, o Carlinhos, investigou: – Você disse que sua operação de vasectomia tinha sido um sucesso, como é que a sua namorada está grávida? E, sem intervalo já calcou sua risada, deixando o indagado sem resposta. Para a mulher que estava saindo da pedicure foi taxativo: - Para que fazer a unha do pé, se o seu marido já não está olhando nem em sua cara? E não deixando espaço para o desaforo já dava sua gargalhada. Mas, não é que em seu velório - velório em Minas é um caso sério – Na mesma semana, uma moça, de uma hora para outra, partiu, sem nenhum aviso prévio. Cheia de sonhos, de realizações e foi. Pronto. E na dor, na volta do sepultamento, casa cheia de amigos e parentes, naquele silêncio, onde ninguém tem o que falar. Uma amiga, pensa alto: - E não é que o fígado dela estava bom e pode ser transplantado. Vamos tomar uma cerveja em homenagem a ela. E todos abriram a sua latinha de cerveja. Voltando para o caso do Carlinhos, velório é uma das coisas mais democráticas que existe. Entra gente de todas as manifestações políticas e religiosas. Sete e meia da manhã, entra o Quinzinho Feijão, que havia passado quatro meses internado, por causa do alcoolismo. Já chegou bêbado ao velório. Abraçou todo mundo. Homens e mulheres. Uma das irmãs do falecido, para ser agradável perguntou: - Como foi o seu tratamento? Era bom lá? Ele respondeu: - Bom nada! Lá a gente não podia beber... não podia fumar maconha... Teve até um homem que ressuscitou! Todos os presentes em silêncio voltaram o olhar para o Feijãozinho. E a mesma moça retrucou espantada: - Ressuscitou??? - É!, respondeu ele, ressuscitou! Passou uma corda no pescoço e ressuscitou!!! Todos gargalharam em pleno velório do Carlinhos, diante do suicídio do outro! Esta é a minha história desse ano, acontecida no mês de agosto. Tem festa no céu!"
José Antônio Braga Barros
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