Onde quase tudo faltava, havia um quintal, amor e fé.
A menina era esquisita, pois falava sozinha, contava histórias
que o vento trazia de longe.
As flores escutavam, a boneca de sabugo escutava, a
laranjeira miúda escutava, o pai escutava e pensava que a menina era mesmo esquisita.
Com os cabelos longos despenteados pelo vento, as pernas e os braços magrelos
sacudindo ao espaço, rodopiava esquisita no maior quintal do mundo. O quintal da
infância dos seus seis anos.
Quando o vento se despedia, ela sorria cheia de esperança das
novas histórias que viriam. O barulho da fé só ela escutava, pois, o cansaço da
alma não visita as crianças.
A menina sempre soube que amor e fé são coisas lindamente esquisitas
e moram, para sempre, no quintal que existe dentro da gente.
Sônia Gabriel
(Especialmente para Maria Salete Martins)
Nenhum comentário:
Postar um comentário