(Jornal de Caçapava, 02 de agosto de 2013.)
Pedi ao meu filho que retirasse todos os elementos de uma fotografia de meu casamento. “Só deixe seu pai e eu”. Ele achou graça e perguntou o motivo, não me lembro da resposta que dei na hora, mas senti que queria ver como começamos apenas os dois. Queria partir daquele momento, daquele ritual de passagem tão íntimo.
Dia 31 de julho de 1993, era um sábado; ventava intensamente, tanto que meu véu muito longo voava como se bailasse. Sempre o vento. Nas fotografias, a moça com sorriso juvenil nem se dava conta do frio julino mais absorvente que já havia presenciado. Foi uma noite definitiva, menina de olhar certeiro, eu acreditava que aquele ritual (amo rituais) seria o marco de uma vida toda, tinha certeza que aquele amor seria para sempre, que nada poderia ser maior que o amor que eu sentia. Jovens! Todas as certezas num segundo de olhar... Todas as convicções numa troca de alianças... A aliança, a todo instante eu a olhava para ter certeza... Mocidade!
Pedi ao meu filho que retirasse todos os elementos de uma fotografia de meu casamento. “Só deixe seu pai e eu”. Ele achou graça e perguntou o motivo, não me lembro da resposta que dei na hora, mas senti que queria ver como começamos apenas os dois. Queria partir daquele momento, daquele ritual de passagem tão íntimo.
Dia 31 de julho de 1993, era um sábado; ventava intensamente, tanto que meu véu muito longo voava como se bailasse. Sempre o vento. Nas fotografias, a moça com sorriso juvenil nem se dava conta do frio julino mais absorvente que já havia presenciado. Foi uma noite definitiva, menina de olhar certeiro, eu acreditava que aquele ritual (amo rituais) seria o marco de uma vida toda, tinha certeza que aquele amor seria para sempre, que nada poderia ser maior que o amor que eu sentia. Jovens! Todas as certezas num segundo de olhar... Todas as convicções numa troca de alianças... A aliança, a todo instante eu a olhava para ter certeza... Mocidade!
Ora veja só, desta feita, a minha juventude estava certa. Já se vão vinte anos e achamos que passou muito rápido, rimos de nossas mudanças, saboreamos nossas vitórias, nos orgulhamos de nossas lutas e construção familiar. Queríamos ficar juntos e construímos desse querer uma família. Vivemos muito, passamos pela fase do planejamento, da autonomia, do domínio da própria vida; sobrevivemos à fase do repentino, da surpresa, da tristeza, da apreensão, das incertezas e permanecemos juntos. Nossos filhos são presentes para aqueles dois jovens que quiseram se unir, eles são certeza de que esse sentimento era o que sabíamos que era e é: Amor.
Nunca tive medo do amor, nunca o vivi pela metade. Não tenho medida para amar. Dos arroubos sentimentais evolui para a maturidade de amar, mas confesso (mea culpa) paixão faz parte de meu íntimo. A vida pela vida, pacata sobrevivência não preenche minha alma, não faz sentido nem literário. E caminhamos juntos e sequer consigo imaginar minha vida sem ele. Não gosto da solidão, nem um pouco, nem para a faxina.
O amor tem essa interessante condição de nos fazer plenos e povoados mesmo quando sós. É confortante saber que ele vai chegar, que as crianças vão alvoroçar a casa; que teremos problemas, que comemoraremos soluções; que nas tardes calorentas sempre há o convite para um sorvete, que nos sábados frios, depois da feira e do almoço, podemos deitar no sofá, duelar com as crianças pelo maior, claro, e assistir filme na televisão. Sabemos que o tempo vai continuar passando, que nossos filhos vão continuar crescendo, que partirão, que viverão... E nós, bem, nós também... De minha parte, sempre conspiro com o universo para que minha vida seja sempre ao lado dele.
Sônia Gabriel
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