(Jornal de Caçapava, 11 de outubro de 2013.)
Ganhei da poetisa Zenilda Lua um baú daqueles para guardar joias. Ela me presenteou com o objeto por ocasião do evento Amor Dito realizado no SESC de São José dos Campos, dedicado ao Dia dos Namorados, em 2011. Neste encontro de pessoas enamoradas e observadoras dos sentimentos de amor, participaram poetas e escritores muito especiais entre eles, Zenilda Lua que nos convocava com suas palavras sempre carregadas de alma. Como não pude comparecer em todos os dias do evento, recebi de presente o baú. Uma peça delicada, lembra os antigos baús das fazendas dos barões do café, aqui no Vale do Paraíba. O que é mais interessante é que não consegui guardar nada nele, sempre que o abria não vislumbrava nenhum objeto que pudesse lhe ocupar.
Certa tarde, depois de chegar do trabalho, cheia de compromissos para dar conta e chateada por não poder concluir um trabalho que vinha sonhando há muito tempo, fixei o olhar no baú. Peguei-o, abri e determinei um prazo para realizar aquele sonho. Fechei o baú e decidi, em voz alta, que só o abriria quando se realizasse meu sonho.
Tornei-me a única criatura que conheço que guarda sonhos num baú. Desde então é assim: um sonho de cada vez. Eu o abro, coloco o sonho lá dentro e fecho. Não abro mais até realizá-lo; quando acontece, abro-o novamente, solto as palavras lá depositadas e sussurro o próximo sonho... Já se concretizaram alguns, poucos ainda, mas todos muito especiais. Por hora, lá aguardam sussurros aprisionados que passam da hora de serem libertados para sempre.
E você, por onde andam ou estão guardados seus sonhos?
Sônia Gabriel
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