(Jornal de Caçapava, 13 de junho de 2014.)
Há vários motivos para alguém ser professor e apenas um relevante para alguém escolher ser professor. Conheço professores que atuam na profissão, pois não conseguiram passar na primeira opção do vestibular, que acharam que não conseguiriam pagar um curso mais caro, que queriam um emprego em que pudessem trabalhar meio período, que entenderam ser uma profissão ideal para mulheres...
Isso não quer dizer que profissionais que chegaram ao Magistério por esses caminhos não sejam competentes, muitos o são e encontram o tal motivo relevante mesmo que por caminho alternativo. Outros, pena, não conseguem encontrar e o resultado é um sentimento de incompetência e abandono que se manifesta em discursos que se repetem e ampliam-se mesmo entre professores jovens que acabam de se formarem. ‘É assim mesmo’, ‘não adianta’, ‘não sou pago para isso’, ‘eles (os alunos) não sairão disso’, ‘não vou mudar o sistema’, ‘meu filho não estuda aqui’, ‘se não aprendeu até agora, não vai ser comigo’...
Ser professor é um desafio, todos nós sabemos e isso não é de hoje. Claro que as atuais adversidades são novidades em nossa história brasileira. A escola para todos é recente e nós, profissionais, temos uma formação ainda muito aquém da ideal. Aliás, estamos em construção desse aprendizado sobre qual seria a formação ideal para professores e em que melhoraria a aprendizagem de nossos alunos.
Sim, temos dificuldade em assumir isso. Ainda não assisti a uma discussão sobre o tema que não caia no senso comum e com abordagem demasiado doméstica. Penso que seja o esperado, pois as adversidades são tantas e tamanhas que colocar-se entre elas, parece absurdo. Mas qual seria a nossa responsabilidade? A maneira como escolhemos a profissão tem relação com nosso desempenho?
Continuaremos nossas considerações.
Sônia Gabriel
Nenhum comentário:
Postar um comentário