terça-feira, 28 de agosto de 2012

Uma história de Braga Barros, mais uma...


Boa!

"Uma História do Zé da Nenzinha para a Sônia cair da cadeira:
Por aqui todo mundo conheceu o Zé da Nenzinha. Pedreiro para todas as obras e para todas as reclamações:
- Seu Zé, o chão do banheiro está com caída para fora do ralo!
- É só u
sar o rodinho que resorve! Diz ele com aquela voz de taquara rachada inconfundível.
- Seu Zé, a parede está torta!
- A gente tira na massa!
Na briga sempre dizia:
- O primeiro é meu. E já lascava aquele tapa, antes do pau comer. Era só braço e pernada para todo lado. Batendo ou apanhando sempre contava vantagem: - Mas, o primeiro é meu!
Gostava de uma cachaça, que sempre o desinibia e o estimulava para todo e qualquer assunto. Entrava no banco e já falava para todo mundo ouvir:
- Quero o sardo!
E a funcionário com toda educação que a situação merece responde:
- Seu Zé, o senhor não tem conta aqui.
E a resposta já vinha imediata e em voz alterada:
- Não quero saber de conta, eu quero é o sardo!
Na madrugada, quando encontrava um velório entrava, conhecendo ou não o morto. Com aquele frio e vento característico de nossa cidade já entrava reclamando:
- Como é que vamos passar a noite aqui com essa friagem.
E já começava a arrecadar dinheiro para mais uma garrafa de cachaça. E ia de um em um:
-Dá um dinheirinho aí, para comprar uma garrafa, senão a gente não vai agüentar passar a noite aqui.
E lá ia ele perturbando parentes e amigos. Até que se deparou diante da viúva que lhe perguntou:
- O que é que o senhor está fazendo, seu Zé?
- Estou ajuntando um dinheirinho para comprar uma cachaça, senão a gente não agüenta passar a noite aqui no velório, responde sem nenhuma cerimônia.
A viúva fazendo sinal que concordava com a sua atitude, foi abrindo a bolsa para também contribuir, mas o Zé da Nenzinha interferiu:
- A Senhora não. A senhora já entrou com o defunto!
E saiu para comprar o litrão de bico azul.

Braga Barros"


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