terça-feira, 28 de agosto de 2012

Uma história de Sonya Mello


É hoje, vamos aproveitar o dia para contar uma história? Qualquer uma, para quem abrir o coração e os ouvidos para o sabor de uma prosa...

Começamos o dia com Sonya Mello!


"Era 1978, eu então, cursava a 3a série do primário, hoje 3o. ano do Fundamental. Fundamental era cuidar dos dentes, ensinavam as professoras e naqueles dias, parecendo estar falando parábolas bíblicas, comemorávamos a "Semana dos Bons Dentes". Eu já cuidava dos meus, havia muito tempo. Minha mãe prometia lavar nossa boca, minha e de meus irmãos, com água sanitária, caso deixássemos de cuidar dos "ditos cujos" e eu morria de medo daquela ameaça. Mas, voltando à escola, pra comemorarmos aquela semana, foram distribuídos kits com escova e creme dental pra todos os alunos. Eu ganhei o meu kit mas não me lembro de que cor era minha escova. Só me lembro de um fato, que muito me assombrou e até hoje não encontrei explicação!

Antes de terminar a aula naquele dia, um aluno se queixou com a professora: "Pssora, minha escova sumiu!!" E a professora fala em alto e bom tom: "Enquanto essa escova não aparecer, ninguém vai pra casa hoje". Eu, que já estava sentindo tontura de fome e vontade de ir pra casa almoçar, desabei na minha carteira, só não fechei os olhos por que a sala inteira se mobilizou pra procurar a escova do moleque. Todos nós tivemos que olhar as mochilas, embaixo das carteiras, no chão, enfim, batemos atrás da escova fujona. Lá pelas tantas, a professora desistiu de procurar e resolveu nos liberar. Acho que ela não queria fila de pais tomando satisfação na porta da sala no dia seguinte!

Segui pra casa me "arrastando" de fome. No meio do caminho, acompanhada de uma coleguinha vizinha minha, olhei para minha mão e adivinha o que vi: a escova do moleque e o pior de tudo: ela era preta!!! Fiquei aterrorizada, sem graça, pois minha coleguinha não entendeu nada. Devia ter achado que eu era a "criminosa", mas, como? Eu era quietinha, exemplo de aluna, alguém acima de qualquer suspeita?! Eu olhei para ela e disse: "Não sei como isso veio parar na minha mão. Estou com medo. Não conte a ninguém, por favor! Quem é que iria acreditar em mim? SE estivesse na minha mão quando o menino deu o alarme todos teriam visto, não teriam?

Só sei que no dia seguinte, coloquei, inocentemente, debaixo da carteira do moleque, que achou, é claro e nunca consegui explicar o fato. Acho que essa história deveria entrar para o próximo livro "Mistérios do Vale"!

27/08/2012



Sonya Mello





Nenhum comentário: